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Rafa Benítez: Os erros que levaram à demissão do Real Madrid

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Mensagem  Leonardo Eriksen 4/1/2016, 9:21 pm

Mesmo para Florentino Pérez, demitir um técnico tão cedo é algo novo. A passagem de Rafa Benítez pelo comando do Real Madrid se encerrou nesta segunda-feira, após apenas 25 jogos. Ou após demorados 25 jogos, se você é torcedor dos merengues e esperava pela demissão do técnico há algum tempo, diante do trabalho claramente desastroso à frente de um dos maiores clubes do planeta. Desde o início a contratação do técnico pareceu equivocada, e uma série de erros ajudou a explicitar na prática o que todos, exceto o presidente do Real, já viam em teoria: Benítez nunca foi o nome certo para o clube.

O primeiro equívoco que precisa ser destacado, no entanto, veio da própria diretoria do Real Madrid. Demitir Carlo Ancelotti para contratar Rafa Benítez foi um erro colossal. Não se abre mão do técnico que trouxe a almejada La Décima após apenas uma temporada sem títulos. A decisão de despachar o italiano, um dos melhores técnicos do mundo, apenas pela falta de taças em 2014/15, foi sintomática por atestar o imediatismo das gestões de Florentino Pérez. Acertar com Benítez, muito abaixo de Ancelotti, tornou o erro ainda maior.

Uma vez com a oportunidade de comandar um dos maiores clubes do mundo, tendo à disposição um elenco com estrelas em excesso, Rafa Benítez tinha a chance de uma vida para se provar um bom técnico, digno da confiança que havia recebido. Começou já com um grande erro ao desmontar o time que Ancelotti havia montado. Seu objetivo, como anunciou ao chegar ao clube, era dar mais equilíbrio entre ataque e defesa, algo pelo qual Ancelotti havia sido criticado em sua passagem pelo Real, especialmente em sua última temporada no Santiago Bernabéu.

Para tanto, Rafa Benítez promoveu as principais mudanças do meio-campo para a frente, escalando uma equipe com mais características defensivas do que ofensivas. Casemiro foi o nome-chave dessa mudança e desempenhou bem seu papel, mas não foi suficiente para garantir ao time a consistência defensivas que o técnico buscava. A equipe não só não alcançou esse estágio, como também piorou ofensivamente, perdendo o poderio ofensivo pelo qual foi marcado o período de Ancelotti no clube. A cada partida, ficava cada vez mais evidente a falta de fluidez do time no campo adversário.

O resultado disso foi a perda de capacidade do time de, consistentemente, bater de frente com adversários fortes. O aproveitamento de 74,6% dos pontos disputados e a terceira colocação em La Liga, a quatro pontos do líder Atlético de Madrid, podem revelar uma campanha relativamente boa, mas enganam. Dentro de campo, a queda de rendimento em relação à temporada passada foi clara, e o histórico da equipe no Campeonato Espanhol contra equipes colocadas na metade de cima da tabela do torneio é um dos sintomas da perda de competitividade. Em oito jogos contra esses times, o Real venceu apenas três vezes, perdendo outras três e empatando duas.

Fora de campo, Benítez também perdeu o controle cedo. Entrou em conflito com estrelas do clube, mais notoriamente Cristiano Ronaldo e James Rodríguez. Não houve declarações públicas contra o treinador por parte dos atletas, mas as narrativas de confusão entre comandante e comandados foram mais frequentes a cada semana. O jornal El Confidencial chegou a revelar que o português supostamente teria dito a Florentino Pérez que “com este treinador, não vamos ganhar nada”. Já o atrito de James com Benítez ficou mais evidente durante um episódio dentro de campo, quando, substituído, o colombiano não escondeu sua irritação. Sem falar no ataque velado ao treinador após marcar pela seleção em novembro e afirmar que estava bem, contradizendo Benítez, que pouco antes havia dito que faltava ritmo e forma para o meia.

Se a utilização de Casemiro e a transformação do brasileiro em peça importante no elenco merengue foram um acerto de Rafa Benítez, a situação de outro jogador sob seu comando foi um erro que não passou despercebido. Isco foi um dos maiores destaques da última temporada de Ancelotti no comando do Real Madrid e terminou 2014/15 muito exaltado. Já o novo treinador não soube utilizá-lo, e nas últimas semanas o meia até mesmo perdeu quase que completamente seu espaço, jogando apenas 12 minutos nas últimas cinco partidas do time.

Incidentes simbólicos também não faltaram para mostrar a inadequação de Benítez no Real Madrid. Um desses equívocos, é verdade, deve ter sua culpa compartilhada pela diretoria. A equipe foi eliminado da Copa do Rei, contra o Cádiz, apesar da vitória por 3 a 1 na partida de ida, pela escalação irregular de Denis Cheryshev, um jogador sequer essencial para o time. Apesar de o clube também ser grande responsável no episódio, a incompetência de Benítez foi destacada, sobretudo pelo fato de não ter sido a primeira vez em sua carreira que isso havia acontecido. Em 2001, no comando do Valencia, os murciélagos foram desclassificados da mesma competição porque o técnico escalou mais jogadores de fora da União Europeia do que era permitido.

Outro grande episódio emblemático foi a goleada sofrida para o Barcelona por 4 a 0 em pleno Santiago Bernabéu. Mesmo antes do apito inicial, Benítez já havia tido a primeira derrota, abrindo mão de seu esquema e sua preferência próprios ao sacar Casemiro para mandar a campo um time mais ofensivo, por exigência dos superiores. Isso não tornou o time mais ofensivo e ainda expôs a equipe a um rival que vivia grande momento. Em nenhum momento os donos da casa tiveram o controle da partida, e, pelo futebol apresentado pelo, Barça, o 4 a 0 ainda saiu barato.

Benítez, que já não tinha a melhor das imagens como treinador entre os torcedores médios do futebol europeu, apesar do bom trabalho no Napoli, deixa o Santiago Bernabéu após 25 partidas com um status ainda mais danificado. Já o Real Madrid tenta salvar a temporada recorrendo a alguém de dentro do próprio clube. Técnico nas categorias de base, o ídolo Zidane é jogado na fogueira e pode tanto se queimar logo em seu primeiro trabalho com um time principal ou mitificar-se ainda mais entre os torcedores do Real Madrid. A verdade é que, atualmente, é difícil imaginar um cenário pior do que aquele em que se encontravam os merengues sob o comando de Benítez. Zidane tem o respeito do elenco, a idolatria da torcida e a confiança da diretoria a seu favor, e esses serão seus maiores trunfos, aliados ao péssimo trabalho de seu antecessor como parâmetro de comparação.



Leonardo Eriksen
 
 
Leonardo Eriksen
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